*Michel Renan detalha mudanças, desafios e expectativas para a nova administração do Pronto Atendimento Municipal
A partir de 1º de setembro, o Pronto Atendimento Municipal (PAM) de Três Pontas passará a ser administrado pela Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis. A mudança, anunciada pelo provedor Michel Renan Simão Castro, foi tema de entrevista à Equipe Positiva, na qual ele explicou os motivos, as medidas que serão implantadas e o que a população pode esperar desta transição.
Unificação da gestão
Michel destacou que a unificação da administração do PAM e da Santa Casa é algo que deveria ter ocorrido há muito tempo. “Não tem como ter dois corpos: Pronto atendimento e Santa Casa. É um serviço somente, desde a entrada de emergência até a alta do paciente, com todos os processos ajustados.” Ele explicou que, enquanto o PAM estava sob gestão da Prefeitura, não era possível implementar os ajustes planejados pela Santa Casa. Agora, com a mudança, será possível alinhar os fluxos e oferecer um atendimento mais integrado.
Mudanças e adaptação
O provedor pediu paciência à população nos primeiros meses, já que haverá mudanças de processos, alterações estruturais e obras físicas. “O importante é que todos entendam que ali é uma porta de urgência e emergência. Na maioria das vezes, o paciente vai precisar de sequência de atendimento em outro serviço.” Michel também frisou que, para que o atendimento seja mais rápido, é fundamental que casos não urgentes sejam encaminhados aos postos de saúde.
Ouvidoria e diálogo
Será mantido um canal aberto de Ouvidoria no PAM, nos mesmos moldes do que já existe na Santa Casa, para receber manifestações de pacientes. “A Ouvidoria não é punitiva, é consultiva. É ouvindo as partes que vamos encontrar soluções.” Michel disse ainda que seu telefone estará disponível 24 horas por dia, todos os dias do ano, para que qualquer pessoa possa entrar em contato e fazer sugestões.
Custo e economia
O custo de manutenção do PAM é alto, mas a previsão é de economia de 20% ou mais em relação aos gastos atuais. “Queremos dar um uso melhor aos recursos públicos, que são de todos nós.” O início oficial está marcado segundo ele, para 1º de setembro, mas a data depende da conclusão dos trâmites burocráticos.
Novo prédio
As obras do novo prédio do PAM estão avançadas. Michel informou que a segunda laje já foi concretada e que a construção segue em ritmo acelerado. Ele agradeceu aos deputados e representantes que destinam recursos à cidade, especialmente Diego Andrade, que, segundo ele, “faz toda a diferença na captação de verbas”.

Redução das reclamações
Questionado sobre as constantes reclamações da população sobre o PAM, Michel respondeu que será necessário mudar todos os processos: da recepção à internação. “A equipe já está em treinamento e a população vai perceber mudanças. No começo pode haver dificuldades, mas depois o resultado será positivo.”
Funcionários
A maior parte dos funcionários atuais do PAM será mantida, mas alguns desligamentos ocorrerão para que novas contratações tragam a “identidade” da Santa Casa. Michel afirmou que não participou das escolhas de quem ficará, para manter imparcialidade.
Critérios de atendimento
O PAM continuará atendendo a todos, mas Michel reforça que o foco é urgência e emergência. Ele anunciou que haverá: Dois médicos na porta para fichas amarelas azuis e verdes, garantindo agilidade. Um médico capacitado em emergência ou anestesia para procedimentos críticos, como intubações.
Integração e regulação
Com a mudança, deixará de existir a dupla regulação (Prefeitura e SUS Fácil). “Será um único núcleo de regulação da Santa Casa. Isso vai agilizar processos, evitar burocracia e pode significar a diferença entre a vida e a morte.”
Contrato e parceria
O contrato inicial será até o final deste ano, com possibilidade de renovação anual ou até por cinco anos, dependendo do que for definido pelas partes. Michel agradeceu ao prefeito Luisinho Silva, a procuradora geral do Município Melissa Chaves Garcia e ao secretário de Saúde Felipe Pereira pelo trabalho conjunto.
Ele ressaltou que a parceria não traz ganho financeiro direto à Santa Casa, mas garante a porta de entrada para evitar perda de recursos essenciais para o hospital.
Novos leitos de UTI
A partir de setembro, a Santa Casa contará com oito novos leitos de UTI custeados pela Prefeitura e dois particulares mantidos pelo próprio Hospital. Até que o SUS habilite o serviço, o custo mensal – estimado em R$ 480 mil a R$ 600 mil – será arcado pelo município.
Situação financeira da Santa Casa
Funcionários: 400, incluindo equipe de obras;
Folha de pagamento: mais de R$ 1,1 milhão por mês;
Custo total mensal: cerca de R$ 5,5 milhões;
Déficit mensal: de R$ 800 mil a R$ 1 milhão.
Esse déficit é coberto com emendas parlamentares, doações e ações beneficentes. Michel explicou que muitos procedimentos pagos pelo SUS custam menos da metade do valor real gasto pelo hospital.
Fornecedores e dívidas
A Santa Casa mantém o prazo máximo de 30 dias para pagamento de fornecedores. Michel afirmou que, atualmente, não há dívidas com funcionários ou fornecedores, e que o parcelamento do FGTS histórico está em fase final.
Planos futuros
Michel adiantou alguns projetos:
Oncologia infantil, já em fase de levantamento de custos e estrutura;
Sala de alta para liberar leitos de forma mais célere;
Implantação do DRG para monitorar custos, eficiência e tempo de internação.
Mensagem final
Michel encerrou pedindo compreensão da população nos primeiros meses de transição: “Mudanças causam desconforto, mas espero que no final do ano possamos dizer que valeu a pena. A Santa Casa é de todos nós, e vamos fazer o possível para melhorar a saúde de Três Pontas e região.”
