Marcha Azul destaca crescimento alarmante do autismo e atuação transformadora da APAE

 

O Parque Municipal Vale do Sol, em Três Pontas, foi palco durante toda a manhã deste sábado (29), da 2ª edição da Marcha Azul, promovida pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). O evento reuniu alunos, usuários, pais e membros da comunidade em uma manhã repleta de atividades e conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Com a cor azul predominando, os participantes se pintaram, degustaram pipoca e um café da manhã especial, além de vivenciarem diversas atividades sensoriais organizadas pelos profissionais do Centro Especializado em Reabilitação (CER III) e pelos professores da Escola Pequeno Príncipe – APAE. A iniciativa teve como principal objetivo sensibilizar a sociedade e os poderes públicos sobre a crescente incidência do autismo, que se agravou significativamente desde o término da pandemia da Covid-19.

O TEA é um transtorno neurobiológico caracterizado por dificuldades na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos. “A conscientização sobre o autismo é essencial para garantir uma sociedade mais acolhedora e inclusiva, onde as pessoas com esse transtorno possam ter as mesmas oportunidades e direitos que todos”, destacou um dos organizadores do evento.

Crescimento expressivo do autismo em Três Pontas

Dados da APAE indicam um aumento alarmante no diagnóstico de autismo na cidade. Na Escola Pequeno Príncipe, o número de alunos com TEA saltou de 18 para 90 nos últimos anos (entre 2019 para 2025), representando um crescimento de 400%. No CER III, novos casos chegam diariamente para avaliação da equipe multidisciplinar.

A superintendente da APAE de Três Pontas, Maria Rozilda Gama Reis, enfatiza que a instituição é uma das poucas habilitadas em Minas Gerais para atuar na área do autismo, devido à sua expertise e estrutura. “Desenvolvemos um trabalho ímpar, apesar dos desafios na contratação de profissionais especializados, como terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. Para suprir essa demanda, oferecemos alternativas como musicoterapia, fisioterapia, arteterapia, além de atividades esportivas e culturais”, explica Maria Rozilda.

Diagnóstico precoce e acompanhamento especializado

A crescente identificação do autismo pode estar relacionada à maior capacidade diagnóstica, além da conscientização de pais e educadores. “Pedimos que as famílias e as escolas observem atentamente o comportamento das crianças, pois um diagnóstico precoce possibilita uma reabilitação mais eficaz”, alerta Maria Rozilda.

O encaminhamento para avaliação é realizado por meio das unidades básicas de saúde. As escolas também desempenham um papel fundamental, muitas vezes sendo as primeiras a identificar sinais do transtorno. A APAE, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação realiza o Projeto – Educação Colaborativa, no qual também são realizadas avaliações multidimensionais para confirmar ou descartar o diagnóstico de TEA.

Uma vez identificado o transtorno, a APAE oferece acompanhamento especializado não apenas para a criança, mas também para os familiares, orientando-os sobre como lidar com essa nova realidade. “Cada indivíduo recebe um tratamento personalizado, adaptado às suas necessidades. Não há cura para o autismo, mas os avanços no atendimento são significativos e melhoram consideravelmente a qualidade de vida”, conclui a superintendente.

A 2ª Marcha Azul reforça a importância da inclusão e do apoio às pessoas com autismo, destacando o trabalho incansável da APAE de Três Pontas na busca por um atendimento de excelência para essa parcela tão especial da população.


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