“Doações estão financiando o tráfico de drogas”, alerta vereador Rodrigo Investigador


Por Mariana Tiso, para Equipe Positiva

A recente operação da Polícia Civil de Três Pontas, realizada na última semana no bairro Padre Vitor, foi além da apreensão de drogas e da prisão de envolvidos com o tráfico. A ação trouxe à tona uma realidade complexa, sensível e urgente, que exige reflexão coletiva e resposta integrada do poder público e da sociedade. O alerta foi feito pelo vereador e vice-presidente da Câmara Municipal, Rodrigo Alexandre Silva (União Brasil), durante pronunciamento no Plenário.

A operação contou com a atuação conjunta das Delegacias Regionais de Três Pontas, Varginha, Três Corações, Campo Belo e Lavras. Ao todo, foram mobilizados 45 policiais civis, entre 9 delegados, 35 investigadores e o chefe do departamento, reforçando a dimensão da ação. O resultado foi considerado positivo, com prisões e retirada de drogas de circulação no município.

Durante as investigações, no entanto, a Polícia Civil identificou um ponto crítico que amplia o debate para além da segurança pública. Segundo o vereador, parte dos moradores em situação de rua, muitos deles usuários de drogas, estaria utilizando recursos obtidos por meio de pedidos de ajuda financeira em portas de supermercados e comércios para adquirir entorpecentes, especialmente crack.

De acordo com o relato, o cidadão trespontano, movido pela solidariedade e pela intenção de ajudar a saciar a fome dessas pessoas, muitas vezes não tem conhecimento de que pequenas quantias doadas acabam sendo direcionadas ao tráfico. Valores como R$ 10, suficientes para a compra de uma pedra de crack, estariam sendo utilizados para alimentar um ciclo contínuo de dependência química e criminalidade, com pontos de consumo concentrados na região da Praça Padre Vitor.

O vereador destacou que a situação representa um problema social de extrema gravidade, uma vez que a população em situação de rua tem aumentado e, em muitos casos, não possui condições físicas, emocionais ou psicológicas de decidir autonomamente os rumos de suas próprias vidas. Pessoas nessas condições acabam perambulando pelas ruas e praças da cidade, sem acesso efetivo a tratamento adequado ou políticas de reinserção social.

Diante desse cenário, o vereador Rodrigo Alexandre defendeu uma atuação firme e integrada das políticas públicas, envolvendo a Secretaria Municipal de Saúde, a Secretaria de Desenvolvimento Social e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, com o objetivo de resgatar essas pessoas da dependência química. Entre as medidas citadas, o vereador não descartou a internação compulsória em casos extremos, entendendo que, diante do uso severo de drogas, a preservação da vida deve se sobrepor à autonomia momentaneamente comprometida.

O pronunciamento também trouxe uma reflexão mais ampla sobre as políticas de enfrentamento às drogas no país. Para o vereador, o modelo atual, baseado em ações assistencialistas sem acompanhamento efetivo, tem se mostrado insuficiente e, em alguns casos, prejudicial, por não romper o ciclo da dependência e do tráfico.

Por fim, Rodrigo Alexandre defendeu que o enfrentamento da situação de rua e do uso abusivo de drogas exige uma mea culpa coletiva. Segundo ele, trata-se de um problema social crônico, que demanda soluções complexas, planejamento contínuo e, sobretudo, união de esforços entre poder público, instituições e sociedade.


Publicado

em

,

por

Tags: