A madrugada do sábado (11) amanheceu iluminada não apenas pelas lanternas que cortavam a escuridão, mas pela fé ardente de 120 corações dispostos a viver mais uma jornada espiritual inesquecível. Foi o início da 5ª edição da Romaria “Romeiros Amigos da Fé”, que partiu de Três Pontas rumo ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em uma caminhada de mais de 280 quilômetros, repleta de oração, sacrifício, superação e amor.
Reunidos na Praça Cônego Victor, os romeiros das cidades de Três Pontas, Nepomuceno, Varginha e do Distrito do Córrego do Ouro receberam as últimas orientações do presidente da Romaria, Odair Marcelino, que reforçou as recomendações de segurança e o espírito de união que define o grupo. “Cada passo é um ato de fé. E cada romeiro deve cuidar do outro como um irmão”, destacou Odair, lembrando ainda da importância da solidariedade, especialmente com os mais idosos.
Entre orações, abraços e lágrimas, familiares se despediram dos caminhantes, entregando suas bênçãos e esperanças nas mochilas e corações dos peregrinos. Um dos momentos mais comoventes foi a apresentação do pequeno João Guilherme, de apenas 7 anos, o mais jovem a participar da caminhada, despertando aplausos e emoção entre os presentes. Ele não fez todo o trajeto, mas demonstrou sua devoção.
A primeira parada, no trevo de saída da cidade, já mostrava o espírito acolhedor da jornada: pão com pernil quente, café e refrigerante deram o combustível necessário para o início da longa caminhada. E a organização foi além — a caminhonete de apoio contou com bebedouro com água fresca, um detalhe simples, mas essencial para quem enfrenta o sol, o cansaço e as noites mal dormidas.
Durante sete dias de peregrinação, os “Amigos da Fé” percorreram estradas e trilhas que cortam cidades e distritos mineiros — Cambuquira, Olímpio Noronha, Cristina, Rio Claro, Distrito de Delfim Moreira, Piquete e Guaratinguetá — até chegarem ao destino final: a Casa da Padroeira do Brasil, em Aparecida (SP).

A missa de encerramento, presidida pelo padre Roberto Donizetti de Carvalho, padrinho espiritual da Romaria, coroou a caminhada com palavras de fé e reflexão. O sacerdote lembrou que os romeiros carregam em suas camisetas a imagem de Padre Victor e de Nossa Senhora Aparecida, exemplos de fé vivida em contextos diferentes, mas com o mesmo propósito: servir e confiar.
Ao final da celebração, houve sorteio de brindes, homenagens e agradecimentos, marcando o encerramento oficial de uma edição que já entrou para a história: a melhor romaria dos últimos cinco anos, segundo os próprios participantes. Nenhum incidente foi registrado — apenas fé, companheirismo e a certeza de que cada passo valeu a pena.
O último dia foi de pura emoção. Às 00h20 deste sábado, dia 18, os romeiros se levantaram para completar o trajeto final, um percurso menor, mas de grande significado: 8 quilômetros pela Rodovia Presidente Dutra, até a rampa da Basílica. Cansados, com os pés marcados por bolhas e o rosto tomado pela exaustão, os peregrinos foram recebidos com aplausos, lágrimas e abraços de familiares. “A gente chega destruído no corpo, mas renovado na alma”, resumiu um dos participantes.
Na chegada, em frente à escadaria do Santuário, o grupo se reuniu de mãos dadas, entoando cânticos – com os cantores Wallace Naves e Caio Arcanjo – à Nossa Senhora Aparecida e erguendo ao alto a cruz de madeira que os acompanhou durante toda a romaria — símbolo de força e devoção. Sob o sereno da manhã, com o céu ainda cinzento, a cena se transformou em um retrato de fé viva, onde cada lágrima parecia um agradecimento silencioso.
Durante a celebração, os romeiros foram surpreendidos com uma homenagem especial: o nome do grupo foi anunciado no altar, o que gerou forte emoção e aplausos dentro da Basílica. Cinco romeiros, os mais experientes de idade, foram convidados a subir ao altar — e, por coincidência, ficaram posicionados exatamente em frente à imagem de Nossa Senhora Aparecida. A cena foi de pura comoção: quem subiu ao altar não conteve as lágrimas e chorou novamente, tomado pela presença e pela força da fé.
Além disso, três romeiros que servem à Igreja como ministros da Sagrada Comunhão tiveram o privilégio de permanecer no altar e distribuir a Eucaristia durante a missa, gesto que tornou a celebração ainda mais significativa para o grupo.
Outra grata surpresa foi a presença do padre redentorista José Eduardo, natural de Três Pontas, conhecido por sua energia e carisma. O sacerdote fez questão de cumprimentar seus conterrâneos e abençoá-los pela conquista, deixando todos ainda mais emocionados com a recepção.
Mas a caminhada dos Romeiros Amigos da Fé não termina no Santuário. O grupo já planeja o futuro com projetos audaciosos: adquirir um terreno às margens da rodovia, em Três Pontas, e construir um barracão com estrutura de apoio para acolher não apenas os romeiros da própria caminhada, mas também os devotos de Padre Victor e outras romarias da região que seguem rumo a Aparecida. A ideia é oferecer um ponto de descanso, oração e fraternidade — um marco permanente de fé na terra onde tudo começa.
Quando a foto oficial foi tirada, com o grupo e seus familiares diante da Basílica, um sentimento unânime pairava no ar: a fé transforma, une e renova. E foi exatamente isso que a Romaria “Romeiros Amigos da Fé” demonstrou, mais uma vez, ao transformar cansaço em esperança, dor em gratidão — e quilômetros em bênçãos.









