Eduardo Cunha, o ex-presidente da Câmara dos Deputados que aceitou o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff (PT), abrindo caminhos para a direita retomar o poder nacional, tentará pela segunda vez retornar ao mandato parlamentar, 10 anos após sua cassação. O ex parlamentar vem articulando em vários municípios de Minas Gerais o seu retorno à política e busca apoio político em Três Pontas.
Em uma área de lazer, Cunha se encontrou com lideranças de Três Pontas, principalmente com figuras que já ocuparam e ocupam cargos no Executivo e Legislativo. Entre eles, estão o atual vereador Roberto Donizetti Cardoso (PL), os exs vereadores Paulo Vitor da Silva (Paulinho Leiteiro), Itamar Diniz, os ex candidatos a prefeito Maico Gracinha e Zezinho Vinhas e o ex chefe de gabinete do ex-prefeito Dr. Luiz Roberto Laurindo Dias, Deivis Victor dos Santos. Na postagem feita nas redes sociais do pré candidato, o texto destaca a importância da escuta ativa e do contato direto com representantes para compreender as demandas e avançar em iniciativas que promovam o desenvolvimento e o fortalecimento dos municípios.
Filiado ao Republicanos – ainda pode mudar de partido –, o ex-presidente da Câmara decidiu concorrer por Minas Gerais, e não pelo Rio de Janeiro, para não disputar votos com a filha. Em 2022, ele tentou se eleger deputado federal pelo PTB de São Paulo, mas teve apenas 5 mil votos. Na ocasião, teve a inelegibilidade suspensa por cerca de um mês entre julho e agosto pela Justiça, período em que conseguiu registrar e manter sua candidatura.
Com o tripé Bíblia, boi e bola, Cunha escolheu Uberaba, no Triângulo Mineiro, como base eleitoral. Mas, derrotado em 2022, também segue ativo em Brasília, articulando e ocupando informalmente o gabinete da filha, a deputada federal Dani Cunha (União Brasil-RJ).
Na Câmara, além de usar o gabinete da filha para despachar, Eduardo Cunha se reúne com políticos aliados. Ainda em Brasília, costuma circular em carro oficial destinado à Dani Cunha, que o leva a gabinetes de outros poderes, almoços, jantares e compromissos não oficiais.
Em Minas Gerais, Eduardo Cunha vem montando uma rede de rádios evangélicas, estratégia semelhante com a origem de sua carreira parlamentar no Rio de Janeiro, quando ganhou notoriedade com participações diárias em uma rádio gospel.
Líder do impeachment e alvo da Lava Jato
Eduardo Cunha foi deputado federal de fevereiro de 2003 a setembro de 2016, quando teve o mandato cassado pelo plenário da Câmara. Ele presidiu a Casa de 1º de fevereiro de 2015 até renunciar ao cargo em 7 de julho de 2016.
Integrante da igreja Assembleia de Deus, Ministério de Madureira, Cunha compôs a bancada evangélica na Câmara. Na presidência da Casa e então no MDB, em 2 de dezembro de 2015, aceitou o pedido de impeachment da petista Dilma Rousseff, presidente da República.
No ano seguinte, Cunha foi alvo da Lava Jato, acusado de ter recebido propina em contratos da Petrobras relacionados a uma operação da petroleira em Benin, na África. Em maio de 2016, o STF afastou Cunha da presidência da Câmara.
Acusado de mentir na CPI da Petrobras, Cunha enfrentou processo que resultou em sua cassação por quebra de decoro parlamentar em 12 de setembro de 2016, ficando inelegível até o fim de 2026.
Em 19 de outubro de 2016, ele foi preso preventivamente pela Polícia Federal, no âmbito da Lava Jato. Em março de 2017 o STF o condenou a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
No fim de março de 2020, a prisão preventiva foi substituída pela prisão domiciliar em razão da pandemia de Covid-19, por estar no grupo de risco da doença. Dois anos depois, conseguiu uma liminar que suspendeu temporariamente sua inelegibilidade.
Acusado de mentir na CPI da Petrobras, Cunha enfrentou processo que resultou em sua cassação por quebra de decoro parlamentar em 12 de setembro de 2016, ficando inelegível até o fim de 2026.
Em 19 de outubro de 2016, ele foi preso preventivamente pela Polícia Federal, no âmbito da Lava Jato. Em março de 2017 o STF o condenou a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
No fim de março de 2020, a prisão preventiva foi substituída pela prisão domiciliar em razão da pandemia de Covid-19, por estar no grupo de risco da doença. Dois anos depois, conseguiu uma liminar que suspendeu temporariamente sua inelegibilidade.
Filiado ao PTB de Roberto Jefferson, Cunha registrou candidatura em São Paulo. A inelegibilidade voltou a ser imposta pouco depois, mas ele conseguiu manter seu número nas urnas. Contudo, os 5 mil votos não lhe renderam uma cadeira na Câmara.
Em 29 de maio de 2023, o STF anulou a condenação de Cunha. Os ministros aceitaram o argumento da defesa de que o processo deveria ter sido conduzido pela Justiça Eleitoral, e não pela Justiça Federal em Curitiba (PR).
Cunha conta com lei da filha para derrubar inelegibilidade

Cunha ainda enfrenta a inelegibilidade, por causa da cassação pela Câmara em 2016. A Lei da Ficha Limpa prevê até oito anos de inelegibilidade após a cassação. No caso de Cunha, ela passou a contar a partir do último dia de mandato, 31 de janeiro de 2019.
Com isso, o ex-presidente da Câmara estará inelegível até 2027. Ele conta com um projeto da filha, Dani Cunha, para concorrer em 2026. O texto diz que o prazo de oito anos começa a contar a partir da cassação. No caso do ex-deputado, ele estaria elegível desde 2024.
O projeto avançou na Câmara, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou diversos trechos. O petista manteve o prazo estabelecido pelo texto, mas derrubou a possibilidade de a medida ser aplicada retroativamente a políticos já cassados, como Eduardo Cunha.
Os vetos de Lula ainda podem ser derrubados pelo Congresso. Eduardo Cunha, que está com 67 anos, já sinalizou que pode recorrer à Justiça.
