*Planejamento antecipado busca manter baixos os índices de infestação do Aedes aegypti e preparar o Plano de Contingência 2026
O Comitê Municipal de Enfrentamento às Arboviroses realizou mais uma reunião com representantes de todas as secretarias e setores da administração pública. A integração entre as áreas tem sido fundamental para garantir uma atuação preventiva e eficaz. O objetivo, neste momento, é antecipar as ações que serão desenvolvidas entre os meses de outubro e maio, período sazonal de maior risco para a proliferação do Aedes aegypti, elaborando o Plano de Contingência 2026.
A reunião, presidida pelas equipes das Vigilâncias Ambiental e Epidemiológica, foi conduzida pela coordenadora da Vigilância Ambiental, Sebastiana Aparecida da Silva, que apresentou o Programa de Vigilância das Arboviroses Urbanas (Dengue, Zika, Chikungunya e Febre Amarela). Ela reforçou que o trabalho preventivo depende da participação ativa da população.
“Todas as pesquisas mostram que o mosquito está dentro de casa. Cada morador precisa fazer sua parte. Educação e mobilização social são fundamentais para alcançarmos resultados cada vez mais eficazes”, destacou Sebastiana.
Os números apresentados durante o encontro confirmam o impacto positivo das ações desenvolvidas ao longo do ano. O Levantamento Rápido de Índices (LIRAa), realizado periodicamente, mostra uma redução expressiva do risco de transmissão das arborivores.
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Janeiro: 4,2% (alto risco)
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Junho: 1,9% (médio risco)
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Agosto: 0,1% (baixo risco)
Os dados também revelam que o lixo doméstico ainda é o principal criadouro do mosquito, concentrando 30,6% dos focos em recipientes plásticos, garrafas, latas e sucatas. Em seguida, aparecem os depósitos móveis, como vasos, pratos e bebedouros, com 26,5%.
Sebastiana explicou que as visitas domiciliares são realizadas seis vezes ao ano, sendo que quatro ciclos já foram concluídos em 2025. Os agentes de endemias têm papel essencial de orientar os moradores, eliminando criadouros potenciais, mas não recolhem o lixo acumulado.
O bloqueio de transmissão, por meio do UBV costal (fumacê), já foi realizado 180 vezes neste ano, sempre seguindo os protocolos do Ministério da Saúde. O procedimento, frequentemente solicitado pela população, só é autorizado mediante casos suspeitos notificados e passa por todo um processo técnico antes e depois da aplicação.
Apesar dos bons resultados, ainda há resistência de moradores que não permitem a entrada dos agentes, dificultando o trabalho de controle. A Secretaria Municipal de Saúde possui todos os equipamentos necessários, e o inseticida utilizado é fornecido pelo Estado. Já o fumacê veicular depende de análise técnica da Secretaria de Estado de Saúde, que avalia a situação epidemiológica do município antes de liberar o serviço.
Neste ano, uma ação emergencial foi realizada em 83 quarteirões dos bairros Ouro Verde, São Francisco, Jardim Brasil, Vila Campos, São Vicente, Padre Vitor e São José. No caso específico do Ouro Verde, os levantamentos apontam que os focos estão nas residências, e não no córrego da Avenida Zé Lagoa, como muitos imaginam.
Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Lara Miranda Silva, o município registrou até o momento 1.077 notificações, sendo 314 casos confirmados, 752 descartados e 11 ainda em investigação. O vírus tipo 2 foi o mais prevalente, com apenas um caso importado de Elói Mendes (tipo 3).
“A população precisa continuar vigilante e manter o índice de infestação em níveis baixos. O cenário atual é resultado direto da prevenção constante”, reforçou Lara.
O médico veterinário Marcelo Figueiredo, da Vigilância Ambiental, destacou que Três Pontas conta atualmente com 22 agentes, que atuam de forma contínua em imóveis como: residências, comércios, e pontos estratégicos: borracharias, ferros-velhos, pátios do Detran e cemitério.
“A cidade cresceu muito, e nosso trabalho se adapta a essa realidade. Mesmo com limitações legais, seguimos firmes na missão de proteger a população”, pontuou Marcelo.
Com o trabalho articulado entre os setores e a mobilização da comunidade, o Comitê reforça que a melhor forma de combater a dengue é prevenir. O envolvimento de todos — poder público e população — é a chave para manter Três Pontas protegida das arboviroses e alcançar resultados ainda mais expressivos em 2026.
