A noite desta segunda-feira (12) entrou para a história da Câmara Municipal de Três Pontas. Em um gesto inédito, sincero e completamente livre de qualquer viés político, o presidente Myller Bueno de Andrade promoveu uma emocionante homenagem às mães, surpreendendo não apenas o público presente, mas principalmente os próprios vereadores, que jamais imaginavam o que estava por vir.
A sessão solene começou de forma discreta. Sem projetos na pauta e sem discursos longos como os das tradicionais cerimônias de honraria, a atmosfera era de aparente normalidade. Mas, por trás de tudo, Myller articulava com poucos servidores uma ação carregada de significado, que valorizaria de maneira profunda o papel das mães — não apenas das homenageadas oficialmente, mas também das mães dos próprios vereadores, suas esposas, irmãs e aquelas que já partiram.
A primeira pista de que a noite seria especial surgiu logo após a oração do Pai Nosso. Antes da leitura bíblica, o presidente solicitou que todos rezassem uma Ave Maria em honra às mães, pelo Dia comemorado no domingo anterior. Alguns acreditaram que aquilo seria o único gesto do dia, mas o que viria em seguida superaria qualquer expectativa.
Após a votação da ata da sessão anterior e a abertura do Pequeno Expediente, tudo parecia seguir o rito habitual. No entanto, antes do Grande Expediente, Myller pediu que os vereadores não inscritos aguardassem no Plenário Presidente Tancredo Neves por mais alguns minutos, sem explicar o motivo. Alguns cogitavam que viria a tradicional entrega de homenagens às mães indicadas por clubes e instituições — mas estavam longe de imaginar o que realmente havia sido preparado.
Foi quando a sessão ordinária foi oficialmente suspensa. As luzes suavizaram-se, e as primeiras imagens começaram a aparecer no painel eletrônico: fotos em preto e branco dos vereadores com suas mães. Não havia ordem partidária ou protocolar. Um a um, os parlamentares foram chamados e convidados a compartilhar suas lembranças mais marcantes de suas mães. O ambiente, antes solene, tornou-se intimamente humano.
Emoções à flor da pele tomaram conta do plenário. Alguns vereadores, com os olhos marejados, mal conseguiram falar. Outros desabafaram memórias profundas de mulheres guerreiras, que criaram os filhos sozinhas, que enfrentaram a dureza da vida com dignidade, que ensinaram valores, preparavam a comida preferida, acompanharam os primeiros passos na escola, dividiram o pouco que tinham e deixaram saudades eternas.
A única vereadora da legislatura 2025-2028, visivelmente tocada, Valéria Evangelista (Valerinha) encerrou seu depoimento dizendo que daria tudo para que sua mãe estivesse ali, ouvindo aquelas palavras. Enquanto os relatos aconteciam, o vídeo seguia no painel, fazendo a emoção crescer ainda mais.
E quando todos achavam que o auge da homenagem havia sido alcançado, uma nova surpresa: surgindo das dependências internas da Câmara, entraram no plenário, sem qualquer anúncio formal, as mães dos vereadores — algumas acompanhadas de esposas, filhos e irmãs que representavam aquelas já falecidas. Foi impossível conter as lágrimas. A presença dessas mulheres, que haviam escutado os depoimentos de seus filhos escondidas nos bastidores, foi o ápice de uma noite marcada pela sensibilidade e pelo afeto.
Até o vereador Antônio Carlos de Lima, cuja mãe que faleceu e cuidou de 11 filhos morando na roça, foi representado com carinho pelo sobrinho João Batista Tavares.
Ato contínuo, foram então chamadas as homenageadas indicadas pelas entidades da cidade: Maria Estela Garcia Rosa (mãe do ano, indicada pelo Clube Conviver e Crescer), Maria Silvéria de Melo Mesquita Andrade (Rotary Club) e Catariana dos Reis Oliveira (Centro de Convivência do Idoso Lourenço Siqueira) (foto acima). Todas receberam buquês de rosas, num gesto singelo, porém carregado de simbolismo.
Ao som de “Eu Sei Que Vou Te Amar”, interpretada por Maria Clara, a doçura da música embalou a celebração, que também homenageou as servidoras da Câmara que são mães — mulheres que, além de exercerem suas funções profissionais com dedicação, carregam consigo o dom e a missão da maternidade.

Com o plenário completamente lotado por familiares e convidados, a emoção era visível em cada rosto. Algumas semanas antes, Myller havia sugerido aos vereadores uma visita à APAE para conhecer a realidade de mães e famílias atendidas pela instituição. Na ocasião, a recomendação foi vista por alguns como uma imposição. Mas, à luz daquela noite, ficou evidente que o presidente queria mostrar, com gestos e não palavras, o quanto o poder público pode — e deve — olhar com mais empatia para quem mais precisa.
Encerradas as homenagens, a sessão foi retomada e o presidente abriu espaço para manifestações. Quase todos os vereadores subiram à Tribuna para agradecer, visivelmente comovidos, por uma noite que jamais será esquecida — nem por eles, nem por suas mães, esposas, irmãs e filhos, e tampouco por quem teve o privilégio de testemunhar aquele momento único.
Foi uma homenagem simples, mas de alma grandiosa. E ficará marcada na história do Legislativo trespontano como o dia em que o presidente Myller Bueno de Andrade, com coração e sensibilidade, fez a política dar lugar à emoção.
Pequeno Expediente tem foco na prestação de serviços à população
O Pequeno Expediente antecedeu toda a emoção da noite de celebração. Diversos assuntos foram abordados, com destaque para cobranças direcionadas ao Poder Executivo.
O vereador Daniel de Paula Rodrigues (PV) voltou a criticar a falta de atendimento telefônico na Prefeitura. Ele já havia feito essa reclamação semanas atrás, mas, segundo ele, o problema não foi resolvido — pelo contrário, as reclamações aumentaram. As denúncias agora chegam inclusive da zona rural, onde a população depende do telefone para obter informações, evitando o deslocamento até a cidade. Daniel classificou a situação como constrangedora. Em sua avaliação, há setores com dificuldade real de atendimento, mas, em outros casos, o problema é simplesmente falta de vontade. Ele finalizou solicitando o envio de ofícios a todos os setores de saúde que contam com enfermeiros e enfermeiras, em homenagem ao Dia da Enfermagem.
A vereadora Valerinha prestou contas de uma semana intensa de compromissos relacionados ao Parlamento Jovem. Ela visitou as cidades que integram o Polo III — Lavras e Nepomuceno — restando apenas Guapé, que será agendada em outra data. Valerinha já alinhou o calendário com a PUC Minas e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, definindo as datas das plenárias municipal, regional (em Guapé) e estadual (em Belo Horizonte). A semana incluiu ainda a participação em um curso promovido pela Associação Nacional da Escola do Legislativo de Minas Gerais, em Alfenas, e uma visita à Câmara de Nepomuceno, onde quatro vereadoras exercem mandato. A vereadora também esteve na APAE, conhecendo de perto a realidade de quem depende da instituição diariamente, e participou da Conferência Municipal de Políticas Públicas para Mulheres, realizada na sexta-feira (09), no Centro do Idoso.
O vereador Professor Francisco Fabiano Diniz Júnior (Popó) relatou um problema recorrente com as castrações de animais. Segundo ele, muitas pessoas ainda não entendem que a castração é a solução para o número excessivo de cães abandonados nas ruas. O programa implantado em Três Pontas desde 2015 é referência nacional, com quase 15 mil cirurgias realizadas. Cada procedimento custa, em média, entre R$ 500 e R$ 700, mas é oferecido gratuitamente. No entanto, a ONG Pelo Amigo TP tem enfrentado alta taxa de faltas nos agendamentos: de cada 10, quatro não comparecem. Popó destacou que, ironicamente, os que mais criticam a presença de animais soltos nas ruas — inclusive alguns autointitulados protetores — são justamente os que não comparecem e depois querem que as pessoas adotem os filhotes.
O vice-presidente da Câmara, vereador Rodrigo Investigador, apresentou dados do Refis Tributário, cujo prazo está se encerrando nesta sexta-feira dia 16. De acordo com a Secretaria Municipal de Fazenda, até o dia 5 de maio, foram realizados 1.708 parcelamentos ou emissões de guias únicas, o que resultou em uma arrecadação de R$ 1.477.846,67 — valor que, segundo ele, dificilmente seria recebido se não fosse o programa do Refis, criado por iniciativa sua no início do mandato. Rodrigo alertou que é possível negociar dívidas de até R$ 30 mil com o Município e até R$ 5 mil com o SAAE. O parcelamento pode ser feito em até 24 vezes, sendo que, se for em até três parcelas, não há cobrança de juros nem de multas.
Rodrigo também sugeriu a elaboração de um projeto de lei inspirado em proposta aprovada em Boa Esperança, que isenta os contribuintes com fornecimento de água pelo SAAE da taxa de religação, atualmente no valor de R$ 69,25 em Três Pontas. Ele está analisando com o setor jurídico da Câmara a viabilidade de implantar essa medida, inclusive em articulação com o consórcio que administra as autarquias da região. O objetivo é evitar que cidadãos endividados tenham que arcar com mais um custo para restabelecer o serviço.
O vereador Alexandre Côrrea fez um desabafo na tribuna. Segundo ele, muitas pessoas ainda não compreendem o verdadeiro papel do vereador, confundindo o cargo com assistencialismo. Reclamou que há quem acredite que o parlamentar tem obrigação de doar dinheiro, sem considerar que também tem contas a pagar. Embora reconheça que esse posicionamento possa causar desgaste, afirmou que precisava dizer o que pensa, pois há quem peça de tudo, como se os vereadores fossem responsáveis por sustentar a população.
Por fim, o vereador Matheus Dias Silva (Pneumar) informou que a Secretaria de Esportes recolocou o gol na quadra da Praça do bairro Santana, que havia sido furtado. Com um mandato voltado ao esporte, Pneumar disse que ficou especialmente feliz com a ação, pois foi uma criança que o contactou através de uma rede social, pedindo a reposição do equipamento para que elas pudessem voltar a praticar atividades no local.