A comunidade católica de Três Pontas viveu, nesta sexta-feira (14), um momento de intensa espiritualidade e emoção ao recordar os 20 anos do falecimento da Madre Tereza Margarida do Coração de Maria, a querida “Nossa Mãe”. Religiosa carmelita de profunda vida contemplativa, ela é lembrada pelo povo como uma mulher de fé luminosa, capaz de transformar vidas com seus conselhos, gestos simples e palavras acolhedoras. Seu processo de beatificação segue em andamento em Roma.
Foi escolhida para ser a fundadora do Carmelo São José, em Três Pontas (MG). Ao longo de sua missão, Nossa Mãe exerceu os cargos de Priora e Mestra de Noviças durante muitos anos, sempre com o coração de mãe que corrigia, educava e guiava “suas filhas” pelas sendas das virtudes. Acolhia a todos que a procuravam, com escuta amorosa e palavra serena. Entregou sua alma a Deus em 14 de novembro de 2005.
Em pouco tempo, sua fama de santidade se espalhou entre a comunidade local e regional, motivando o pedido popular para a abertura do processo de beatificação. A cerimônia solene de abertura ocorreu em Três Pontas, em 4 de março de 2012, e o encerramento da fase diocesana foi realizado em 12 de maio de 2013.
A data comemorada nesta sexta marcou também o encerramento da novena realizada no Mosteiro, que reuniu grande número de fiéis nos últimos dias. O tema deste ano, “Tereza Margarida: peregrina da esperança”, e o lema bíblico — “Quem teme o Senhor não tem medo de nada, pois o Senhor é sua esperança e cuida daqueles que o amam” (Eclesiástico 34, 14-16) — reforçaram a mensagem que guiou a vida da religiosa: a confiança absoluta em Deus.

As homenagens começaram cedo, com a missa das 7h celebrada pelo reitor e pároco do Santuário Diocesano Nossa Senhora d’Ajuda, cônego José Douglas Baroni. À noite, às 19h, o Cônego Luzair Coelho de Abreu, administrador diocesano da Campanha, presidiu a segunda celebração do dia, reunindo devotos, admiradores e pessoas que, ao longo da vida, buscaram em “Nossa Mãe” luz, consolo e orientação.
Durante a homilia, o Cônego Luzair ressaltou que a alegria característica de Madre Tereza Margarida brotava de sua íntima comunhão com Deus:
“Nossa Mãe quis, buscou e vivia nesta felicidade. Quem tem sua lembrança, sempre com um sorriso, sabe que não era um sorriso para aparentar ser alegre, porque ela tinha no coração a felicidade em Deus, a felicidade que vem de Deus. É muito fácil estampar um sorriso apenas como uma máscara, mas não era isso que acontecia com a irmã Tereza Margarida. Aquela expressão de felicidade era algo verdadeiro, que brotava desta comunhão com Deus.”
O sacerdote lembrou que a religiosa também enfrentou dificuldades e limitações, sem jamais se afastar de sua missão: “Isso não a impediu de viver e buscar a proposta de Cristo. A felicidade se dá até mesmo no sofrimento, e isso foi muito testemunhado na vida da irmã. Mesmo no seu sofrimento, havia a felicidade de uma vida consagrada a Cristo, respondendo ao chamado de Deus, querendo viver o chamado que Deus tem para todos nós.”

Cônego Luzair destacou ainda que a vida contemplativa das carmelitas não significa isolamento do mundo:“Viver a fé não é nos retirar do mundo. As monjas carmelitas estão retiradas nesta casa, mas isso não quer dizer que estão fora da realidade terrena. Elas vivem a vocação de modo próprio, mas inseridas no mundo, chamadas a dar testemunho.”
As celebrações pelos 20 anos de sua morte reafirmaram o quanto a figura de “Nossa Mãe” permanece viva no coração dos trespontanos. Sua fé profunda, sua serenidade e sua capacidade de acolher continuam inspirando gerações — e alimentam a esperança de que seu reconhecimento oficial pela Igreja, por meio da beatificação, esteja cada vez mais próximo.
